domingo, 6 de setembro de 2009

A você, que não sai do meu jogo

Sei que agora está tarde demais e que o pombo do nosso correio foi procurar outros amantes. Hoje, faz exatamente dois anos e três meses que você me mandou aquela carta que até ontem estava sem resposta. Hoje, eu posso me considerar uma semi-corajosa por poder respondê-la. E digo assim, porque eu só seria uma corajosa por completo se fosse ler aquele papel pela segunda vez. Passaram-se oitocentos e vinte e um dias e aquelas letras dobradas só sairam da cabeceira da cama e foram para a minha poltrona de leitura. Agora, falta serem abertas, só que esse medo me tira todas as forças das mãos. Mas não tem problema, eu sei dos gostos de cada linha daquele papel que um dia foi seu e agora é meu. Cada palavra ali guardada, está gravada nesse coração que um dia foi meu e há tempos é seu.
E vai ser agora, com essas mãos trêmulas e com o coração saindo pela boca para receber oxigênio já que o pulmão está tão comprimido, que eu te escrevo essas mal-traçadas linhas. E vai ser sem a maldita razão que você tanto criticava em mim e que me arrancou de ti. Aqui comigo, só está a emoção do nosso primeiro beijo na cantina da escola e o grito do coração me pedindo pra não te deixar nunca mais.
Tanta coisa aconteceu nesses dois anos que, eu que já nem sei se te interesso mais, prefiro não lhe cansar. Foram coisas que no fundo queriam driblar o meu juízo e ir te buscar pelos cabelos pra perto de mim. Tempos atrás, eu sei que não precisaria ser desse modo, porque era só eu te chamar que essas suas pernas te moveriam para o meu lado. Hoje, eu já não sei.
Você não sabe a trabalheira que me deu nesses meses. Foi mais trabalho do que quando a gente estava junto. Eu até tentei me deixar em paz. Depois de você, dois ou três entraram pela minha porta. E eu juro que após eles passarem, eu a trancava. Mas não tinha jeito, você sempre ocupou tanto espaço dentro de mim que, quando eles tentavam te empurrar para fora da janela, você sempre era o mais forte e colocava pra fora cada um.
Em janeiro fui visitar a nossa Paris. Você não tem ideia do quanto eu tentei evitar subir na Torre Eiffel. Afinal, aquele lugar estava reservado pro nosso noivado, lembra? Ah, essas promessas juvenis que mesmo quando a gente amadurece mais um pouco, pedem para serem cumpridas. Mas eu subi, "não se pode deixar tanta vida pra depois", lembra disso também?
Sabe de uma coisa que eu aprendi? Assim como o som precisa do ar para se propagar, a vida da gente precisa de amor para se desenvolver. Então eu lhe peço: Volta! Volta que o meu platonismo já não consegue me deixar crescer mais. Agora preciso é de você em carne e osso.
A minha memória falha já me tirou o gosto dos rios que você colocou em meus olhos. A gente começa do zero, eu não me importo. Ainda me falta conhecer a Buenos Aires dos nossos planos. Se você disser que vem, eu te espero. E se por um acaso ela lhe fizer lembrar dos nossos desencontros, eu não me importo em deixar de realizar esse sonho argentino. Ainda há o mundo inteiro para nos reencontrarmos pela primeira vez. E eu nem preciso sonhar alto como você não, o nosso Brasil possui terras lindas. E é até melhor, que é pra eu não ter tantos segundos para contar até os seus lábios chegarem nos meus pela nossa incontável primeira vez.
E eu te mando essas letras que eram minhas e agora são suas. Peço para elas serem lidas em voz alta por esse coração que já deve ser seu, mas que eu sei, um dia será meu novamente.

Para sempre tua, Rayssa N.

10 comentários:

  1. .

    isso me emocionou, deveras.

    xero procê!

    .

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Lindo demais(chorei) me fez relembrar coisas,coração não esquece nada...

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  4. O que é do homem, o bicho não come.

    Se é para ser seu, será.

    A vantagem dos dias de hoje é postar uma carta dessas na blogosfera, ao invés de jogá-la ao vento em milhares de fragmentos...

    Hoje sua chance é maior de vê-la chegar ao destino.

    Boa sorte,

    MR

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  5. Que lindo!!!!!!!!!!!!!!!
    sem palavras...
    Beijão

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  6. meninas, eu nem tenho como agradecer aos comentários! obrigada msmo... e que a doçura sempre nos acompanhe! (:

    bjins...

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  7. Gostei demais do texto... Tão verdadeiro!!
    =)
    Parabéns ;)
    Beijos, Ra :*

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