sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Para a Meteorologia da nossa vida.

.

“Pacientemente sentei e esperei que a chuva cessasse (...). O calor veio aos poucos e o céu foi limpando com o tempo (...). O meu céu ficou azul, então... e aqui já não chove mais.”

Está vendo aquela tempestade lá no fundo? Ela saiu daqui de mim.
Está vendo esse Solzinho chegando bem perto? Ele está entrando aqui pra mim.

Esta noite dormi do lado de fora para abrir os olhos e ter como primeira visão o arco-íris, anunciando novo tempo.

E agora eu quero cantar e doar flores; Quero levar alegria a todos os meus amores; Quero oferecer o meu guarda-chuva a todos os sofredores.

Do lado de cá, tem luz e sorriso pra dar (E é assim que eu vou seguir)! Chega de ter medo de andar e ter que escolher entre duas estradas onde é melhor continuar.

Daqui, só vejo reta. Reta que tem árvores de sentimentos bonitos prontinhos para serem colhidos.

E eu quero é andar por esses caminhos para ser a prova viva do que acontece quando a gente tem esperança;
E eu quero é andar por esses caminhos para ser a prova viva do que acontece quando a gente tem perseverança.

Está vendo esse sorriso aqui? Ele tomou conta da minha alma inteira. Está vendo aquele sofrimento ali? Ele foi procurar outro canteiro (e espero que não encontre).

“Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí... Levando um violão embaixo do braço (...). Em qualquer botequim eu entro e se houver motivo é mais um samba que eu faço.”

.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Um presente inesperado



Hoje pela manhã ganhei... Um sorriso!

Não me julgue tola, pois não foi um sorriso qualquer, destes projetados artificialmente para agradar. Era um sorriso em extinção nos meus dias: um sorriso de C-R-I-A-N-Ç-A.

Em meio há todos estes dias agitados, e pessoas indiferentes, aquele sorriso me fez parar no tempo, me fez pensar em quantos tolos e bobos sorrisos eu já deixei passar despercebidos. Parei no tempo daqueles segundos devoradores, e imaginei em quantos corações indiferentes aquela garotinha já chegou, sem ter noção da profundidade que pode causar o ato falho e extremamente necessário de deixar os lábios livres e gentis para o novo e desconhecido.

Aquela menina não sabe, pode ser que jamais chegue a ter noção do valor incontestável de um sorriso distraído, mas uma coisa é certa: aquele sorriso ficará para sempre comigo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Minhas meninas

O tempo ta correndo contra meus dias e junto com ele, levando as letras pra escrever. Culpa das acomodações todasdavida e das viagens a trabalho. Tudo novo pra mim. Sabe quando termina o dia e te sente muito cansada e cheirando suor lembrando do quanto andou debaixo do sol das duas da tarde? Pois então. Rompantes de trabalho. E isso eu gosto e nisso eu tenho fé. Tou sem a faxineira, então, limpo-lavo-seco aos sábados, antes ou depois da capoeira. Tenho uma rede nova, vermelha, pra dar clima de México na varanda perto do verde e branco do jardim. Sigo a filosofia ‘faça você mesmo’ o que me cansa ainda mais. Mas ensina e eu gosto de aprender. Divido meu tempo assim, com o trabalho a casa a filha. Isso, tem a vida da filha junto. É responsabilidade grande ter filhos, minha gente. É muito bom-gostoso-saboroso. Mas também é difícil que só. QUE SÓ. Enfim, tenho olhado mais pro que ta por fora do que por dentro. Prestando muita atenção no/nos Outros. Tentando acertar sempre e não faltar nunca. Tentando tentando ter a maior fé. Em tudo. Em vocês. Em mim e sobretudo no amor.




Daqui, beijo todas

Agosto, 2009

Vanessa
.

sábado, 22 de agosto de 2009

Mariana

[pequena fagulha da luz do mundo]

Neves Paulista, 22 de Agosto de 2009

De todas as minhas alegrias, ocê é a maior e a mais bonita. Acredito que ocê é um presente Divino que chegou quando eu mais precisava. Não tive nem tempo de olhar pras minhas feridas, pois tinha você pra cuidar. Foi assim que elas cicatrizaram, sem merthiolate nem band-aid. E os dias clarearam. Era ocê botando mais tons no azul do meu céu.
Agora, vejo ocê crescida, cada dia mais parecida comigo: nos pequenos gestos, na risada engraçada, no jeito meio torto de andar. E isso me faz um bem enorme. Coração não cabe no peito, tamanho contentamento. E os óios sempre prestes a chorar, porque sei que ocê, apesar de pequena, carrega uma tempestade aí dentro. Nada fácil pra quem tem apenas 6 anos. Mas sei, também, que ocê traz na algibeira sentimento grande e vontade forte. Ama tanto que chora. Segue rindo porque aprendeu desde cedo as reviravoltas que a vida dá. E inventa tuas próprias histórias com final feliz, porque sabe que a alma sempre se pode costurar. Remenda, borda, costura, alinhava. Tece a vida com fios de ouro e seda. Já nasceu tecelã.
.
Xero procê, minha pequena.
.
Cris Carvalho

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

- Não tenho muito o que escrever hoje. Minha cabeça dói. minha voz falha... e estou muito emotiva. Só quero te dizer que amo muito você. Sabe, aprendi que, nesse vai e vem... sempre estamos num ponto. Sabemos o nosso ponto. Vem, vamos pro espaço. Terás meu sorriso, não essas lágrimas. Saudade! Por isso que eu canto... [ Cantando misturo passado,presente e futuro... Oras... tudo é um bolo mesmo!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

saudade.....

......são exatas 11 horas da manhã...faz frio...o astro rei deixou de dar seu espetáculo matinal,cedendo lugar as nuvens negras que agora enchem de escuridão o que outrora era luz suave...o vento frio bate de encontro ao meu rosto...causando ainda mais frio em minha alma já tão fria,forman-se pequenos redemoinhos nas folhas entrelaçadas pelo chão...o vento forma um gracioso ballet por entres as arvores,deixando tudo assim..estático no tempo....e aqui estou eu,sentado em um banco de frente a enfrmaria,pensando em que rumos dar a minha vida...perdido em meus pensamentos...no centro do universo...comtemplando o espetáculo divino...
saudade...hoje acordei saudoso....do café de mamãe,sempre adoçado com amor....de tomar chimarão com minha vovó na sacada olhando o dia que se achega...das conversas com minha mana,sempre finalizadas com um sermão,ao qual eu sei ser para meu bem...de afagar meus cachorros,de sentir a recíproca nos olhos de seres tão especiais.....saudades de pegar o carro e andar sem rumo pela estrada q circunda a minha amada terra natal....de encontrar meus amigos,abraçar um por um,como se esse fosse sempre o último dos abraços....de cozinhar para a imensa familia que se reunia todos os domingos na casa da tia estela....saudades de quem se foi aos quais deus não me permitiu um ultimo adeus...saudades do amor que a vida me tirou,e que sei ser hoje mais uma estrela a brilhar ao lado de deus...saudades das manhãs de primavera,das tardes daqueles domingos de verão....das noites de inverno acompanhadas de uma taça de vinho tinto....seco,como meu pai gostava de beber....saudades das folhas das hortências,tão formosas,esplhadas pelo chão na primavera gaúcha,das gotas de orvlho tranformando-se lentamente em gelo formando esculturas abstratas por entre a paisagem..dos campos cobertos de geada nas manhãs que ia tirar leite com vovô...enfim...saudade,irmã da melancolia,alma gêmea da solidão,"saudade" só existe na lingua portuguesa...fico me perguntando como outras culturas exprimem tal sentimento,sem saber definir em uma palavra o que sentem...quem nunca teve saudade na vida,nunca teve momentos de felicidades no passado,seja ele recente ou distante....desejo a voces,doces pessoas,que tenham muita saudade ainda pra guardar no lado esquerdo do peito....que seja duradoura essa falta anunciada,que seja bela.....que seja do bem..que seja doce...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Para a Chuva que me banhou.

Juiz de Fora, 18 de agosto de 2009

Quando eu era pequena, minha mãe me falou que independente do caminho que eu fosse seguir existiria tempestades. Com meu pai, eu cresci escutando: “Quem está na chuva, é para se molhar.” Mesmo assim, tempos atrás, quando você chegou pra mim, eu não quis me molhar.
É dona Chuva, você me pegou de surpresa e esfregou no meu rosto de moleca levada que eu não tinha todos aqueles super-poderes que pensava. Eu era vulnerável e não sabia.
Não me esqueço nunca do dia em que o travesseiro da minha cama absorveu lágrimas de amor pela primeira vez. Logo eu que tinha PhD em brincar com o coração alheio. Mas com aquele, foi diferente. Aqui se encaixa bem um trecho que já li por ai: “Se o deixar partir morrerá. E a morte do coração é a morte mais horrível que existe.” E eu não só o deixei ir embora, como expulsei.
E como aquilo me doeu; como a minha inexperiência com a vida me custou caro; e como eu aprendi do modo mais duro que pessoas foram feitas para serem amadas, e não pisadas.
Eu nunca vou esquecer o que me disseram no banco daquela praça: “Menina, você pode passar por tudo, pode mandar todos irem embora, só não deixe o amor ir, pois é ele quem anestesia a dor causada pelo mundo”.
A maquiagem pra fazer o rosto ficar bonito estava lhe deixando mais manchado que o coração que estava ferido por dentro por se achar esperto.
O amor tinha ido embora. A minha casa de dentro não era bonita e sentimento puro não pode se contaminar.
Chuva, você sabia que eu era dura e não me importava em ser assim. Foi quando você se transformou em Tempestade para ver se eu derretia um pouco. Mas eu não era açúcar feito as pessoas bonitas. Eu era pedra.
Passaram amigos querendo me dar abrigo e eu não quis. Eu era pedra. E como isso me doía.
Até que um dia, eu me dei por vencida e pedi ajuda. É, eu não nego, eu pedi ajuda! A pedra foi furada e as flores do peito foram regadas.
À medida que eu ia desabafando com um desses anjos que a gente escolhe, não sei como, você foi entrando e limpando essa minha casa.
Hoje de manhã, ao abrir as portas do meu quarto, parece que eu vi o Sol. E se hoje eu sou cheia de flores, eu agradeço a você.
E nessa carta, eu lhe prometo que, por mais que eu tenha medo de você, por mais que eu não goste de quando o tempo fecha, eu não vou mais te resistir. Porque quem está na Chuva é pra se molhar. E se você veio me visitar é porque eu estou precisando crescer mais um pouco. Prometo-lhe também cuidar direitinho das pessoas que me querem feliz. O coração já não está cabendo no meu peito faz tempo, penso que seja por você ter feito reviver tanta flor dentro dele. Talvez seja o tempo de eu começar a espalhar essas flores apaixonadas pelo mundo.
E se por um acaso faltar amor, por favor, regue, regue muito pra mim até você achar que está bom. Porque com você Dona Chuva, eu não me atrevo nunca mais!
Ah, só permita-me um último desaforo de moleca levada: Talvez eu te deixe irritada só até você virar Tempestade, porque eu já sei que depois da Tempestade, vem a Bonança. E pelo o que eu estou vendo daqui do meu quarto, ela é boa.


“Se hoje o sol sair, eu te prometo o céu.”

Aos meus botões,

Sim, que seja muito doce o que está por chegar.
Apesar de dodóizinha...fazia algum tempo que não
me sentia assim em paz, leve, livre!
Já não tenho motivos pra quele peso,nos ombros pensamentos e coração;
Parece estranho mais não sinto que acabariam as coisas de maneira muito diferente, uma hora teria que
desfazer esse laço, me deixei atada por mto tempo e por mto não encherguei o que estava ali estampado naminha frente
Mas ninguém conheçe ninguém 100% ?
Bom pelo menos guardo comigo apenas o que foi bom,
e as cenas dos últimos capitulos , guardo como lição:
Nunca confiar a tal ponto!
Será que consigo?
Não importa não, ainda acredito em finais felizes, em amizades verdadeiras e que tudo sempre acontece por alguma razão...nada é ao acaso!
Então espero aqui de olho no futuro, algo bom ,pessoas
melhores no meu caminho!

Obs:. Sem esquecer daqueles que me fizeram sorrir, emprestaram o ombro ouvidos, mesmo a cada dia um obstáculo a menos, o bom da vida é que ela sempre permite que façamos novas escolhas, novos rumos...

São Paulo,05 de agosto 2009 -

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Aos prazeres Amelísticos.

E quando chove nada melhor do que escutar o barulho da chuva cantando pra gente. Barulho, que chega a ser sagrado. Na chuva, você se encontra no meio da lama, meio triste, mas logo vem o cheiro da terra molhada fazendo com que você se sinta vivo! E a chuva também serve pra saciar a sede. Rega o que está seco na alma. Nada nesse mundo pode ser tão ruim. A chuva passa e você dorme. Sonha com os anjos. Olha só os querubins dançando pra ti. Logo alí estão as nebulosas, responsáveis pela formação estelar. Ninguém nasce estrela, mesmo as estrelas antes de evoluírem são consideradas protoestrelas e só depois de um longo tempo pertencem a um grupo estelar.
As estrelas ajudam a iluminar a noite até que o Sol possa se responsabilizar pela tarefa de iluminar o dia. Os caminhos estão sempre iluminados. Quando acorda, o café te espera e o cheiro faz você lembrar da avó ou da tia. Infância. A sensação é boa. Toma um banho bem quentinho pra se sentir melhor. Organizar o tal dos pensamentos. Sair pra trabalhar é muito bom. As flores no caminho são amarelas, elas brilham demais em contraste com o Sol, que por sua vez aquece o rosto, a alma, o que ninguém mais aquece. Embora cada pessoa seja diferente, temos algo em comum, o prazer pelas pequenas coisas (mesmo que não seja notável). Quem não escreve cartas, costuma sorrir quando recebe uma. Quem as escreve, sorri mais ainda!
Você perdeu o ônibus, mas olha só a nuvem que tem formato de urso. Urso Polar. O ônibus passa de novo e o amigo antigo que você não via há tempos está sentado no último banco. Os últimos serão os primeiros, bem diz o ditado. Conversas, gargalhadas, nada paga aquele momento. Mas veja bem, um real no chão. Poderia ser do moço que ia comprar o pão, mas não é não! Não carece de pensar coisa assim, a vida é bonita por demais! Tá chovendo dinheiro do céu. Dinheiro que por sua vez não compra felicidade e que roubou o lugar da chuva.
O seu trabalho é cansativo, mas tem o porteiro do prédio que conta piadas. Você ri no fim do dia. Volta pra casa. Não encontra amigos, toma banho, e depois vem o jantar! Olha só, você tem um jantar, vez ou outra faz bem agradecer! Lembra da cama quentinha que te espera. Diz que o dia foi ruim, mas esqueceu do cheiro do café que lembra a avó e das gargalhadas que sempre fazem bem a alma. Dorme. Tem gente que dorme pra esquecer, outros dormem pra não lembrar. Alguns nem dormem. Mundão cheio de diferenças! Tá frio, vai dormir... Daqui a pouco você sonha de novo com os querubins que dançam. Olha só. Dessa vez eles também sorriem. Logo mais eles cantam. Despertador faz barulho pra indicar que é hora de acordar pra vida!
É bom termos vocês por perto, pequenos prazeres do dia a dia...
A chuva cai, mas já já tem Sol. Logo mais aparece o arco íris. Enquanto isso é bom lembrar que brincar na chuva faz bem.

Beijos.

Estejam por perto.


Noemyr. Brasília, 14 de agosto de 2009.

Nota: Para quem não sabe, "Prazeres Amelísticos" é apenas um termo usado para fazer referência aos pequenos detalhes da vida. Os detalhes que a fazem melhor. Coisas que quase ninguém percebe, mas que nos fazem um bem danado! Aos que quiserem, fica a dica do filme: "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". O termo foi inspirado no filme ;)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A Julia,

Neves Paulista, 12 de Agosto de 2009
.
Outro dia o pai me disse que ocê descambou a chorar feito menina-moça que tá começando a saber do mundo lá fora. Eu quis entender o motivo de tal choro, se era dor de fora ou dor de dentro. Entonce ele me disse que era a junção das duas. Fora-Dentro. Que ocê tinha caído um tombo feio e quebrado a perna e, outro, que te fez quebrar a cara. 'Dor de amor, essas coisas. Mas nada de grave. Pra isso existem remédios milagrosos.'- Foi pai quem disse. Entonce pra que chorar? Guarda tuas lágrimas pra mais tarde, motivos não vão faltar. E mais graves, como perda de pai e mãe. Ou de alguém querido. Que essas dores não cicatrizam, nem tomando cachaça. Ou rezando muito. Guarda o fôlego, menina, vai ficar precisada. Enquanto isso vai cantando no chuveiro, olhando o céu bunitu, rindo, rindo.... Ria até do que parece sem graça, que depois ocê se acustuma e nunca mais vai parar de rir. O riso gruda na cara da gente e manda o nó na garganta pro lado de lá. Dança, pula, grita, anda de roda-gigante, canta no meio da rua, pira na batatinha se for preciso. Mas num dê espaço pra tristeza, não. Não deixe que nada te prenda o riso. Nem que adubem a tua mágoa.
Sei que ocê carrega um fardo na alma, mas é que as coisas se tornam mais leves se a gente cantar. Borandá, menina, que estradão é grande e margeado de boninas.

Um xero, Mil xeros
.
Cris Carvalho

PS: Se acalma e vem, confia em tua corage mais uma vez, e outra, e outra, e sempre!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Daddy...

Ontem, foi o dia que a sociedade estabeleceu que os pais deveriam receber uma homenagem. Talvez, você não saiba, pai, mas eu odeio datas. Quando se ama de verdade, não é necessário ter um dia específico para se expressar isso. As manifestações de amor surgem espontaneamente em qualquer hora e em qualquer lugar. E é isso que mais me faz falta. Não ter como, ao longo dos meus dias, dividir minha vida com você. Por isso, acabo recorrendo aos presentes comprados em quaisquer lojas por aí a fim de tentar suprir esse vácuo existente. E como é difícil te achar um presente. Não conheço seus gostos, pai. Eu tinha só um ano quando você saiu de nossa casa. Talvez se você tivesse permanecido, eu te conheceria muito mais profundamente. Entretanto, penso que assim foi melhor. O nosso lar estava quebrado. Não havia uma família realmente.
Quando eu era criança, eu te amava tanto, pai. Eu sentia muito a cada vez que percebia como a vida estava nos afastando. Talvez seja por isso que eu tenha me agarrado tanto aos meus irmãos. Talvez seja por isso que eu os ame tão incondicionalmente hoje. E é por isso que eu sofro tanto com o afastamento do Leandro. É como se eu sentisse que ele faz o mesmo que você. A cada vez que ele some e reaparece como se nada houvesse acontecido, eu vejo nele você mesmo, pai. Não quero que ele tente compensar a falta que faz com coisas materiais. Eu só quero a companhia dele. Assim como eu quis a sua.
Pai, eu só queria que você soubesse que te entendo muito mais agora. O amadurecimento me fez entender tantas coisas. Faz pouco tempo que tive o primeiro contato com seus outros filhos. Sabe, era difícil para mim entender que eles também te chamavam de pai. Eles já têm onze anos, não é mesmo? Estranho pensar que eu demorei onze anos para deixar de lado as mágoas que tinha deles. Desculpe, eu estou um pouco atrasada. E errei. Não deveria, em momento algum, ter sentido raiva de duas crianças. Mas sempre há tempo de deixar de lado sentimentos que não levam a nada a não ser tristeza.
Conte sempre comigo.

Laís, ouvindo "Tudo que vai".

"Hoje é o dia...
E eu quase posso tocar o silêncio.
A casa vazia. Só as coisas que você não quis me fazem companhia.
Eu fico à vontade com a sua ausência. Eu já me acostumei a esquecer...
Tudo que vai deixa o gosto, deixa as fotos. Quanto tempo faz...
Deixa os dedos, deixa a memória..."
Hoje a música vem mais fácil. A música q a onda faz quando quebra na praia. O sorriso solto das pessoas que formam uma harmonia simples e calorosa... é assim toda tarde. Ouvir música nas coisas; no silêncio. Eu ouço o silêncio e... silencia meus passos. Sinto firmeza e paz, esquecendo o q é de ser esquecido. Isso é tão bom, tão bom. É tão bom ter pessoas que nos amam, pessoas verdadeiras. Depois de tanto tempo, tenho a certeza de que estou no lugar certo com as pessoas certas. O que se teve de bom no passado, ta guardado. O Resto, é resto mesmo. Daqueles que nem o universo quer. Daqueles que se acabam pra mais nunca. Tenho o verde colorido e o sol a brilhar em minha alma. Estou calma. Tudo esta em calma. Sempre serei a grande pequena. Sem respostas, sem medo, sem queda; só livre. Isso, livre! Sem letras, dizeres, nada. Música é perfume. É beleza! Quanto mais morro, mais vivo. Agradeço aos senhores pelas dores, alegrias... agradeço por nada também. Agradeço pelo recomeço, pelo adeus e pelo até logo. Agradeço, apenas agradeço. Te dou um adeus cheio de cores. Aqui está sendo cuspida... um dia talvez... esculpida ou, como sempre foi... Nada. Música é perfume e a vida é magia. Eu sou aquela que muitos dizem que conhecem e realmente poucos sabem quem sou. Desapareço.

domingo, 9 de agosto de 2009

Pai e mãe, meus queridos

Vocês sabem o quanto eu odeio escrever cartas em datas comemorativas, pois parece que é algo feito forçado. Prefiro é o tempo da alma, e não dos homens ou das circunstâncias.

Mas sabe, essa é a primeira carta que escrevo para um blog que gosto muito. É, mãe, tem Caio na essência! Portanto, queria que a minha estréia falasse de vocês, minhas jóias.

Antes, gostaria de agradecer a Deus por ter vos dado a mim, pessoas iluminadas, para me ensinar a ser um ser humano capaz de amar, respeitar e dar carinho. Agora, quero me dirigir apenas a vocês, meus exemplos.

Mãezinha, feliz aniversário! Te desejo toda a força e fé do mundo para se manter forte e sólida num lugar que, por muitas vezes, não preza as razões sadias. Parabéns, mulher virtuosa!

Paizinho, feliz dia dos Pais! A você, eu desejo toda a paciência e sensatez para continuar sendo esse homem de valor e pai exemplar.

Obrigada por vocês darem tanto amor e carinho a mim e ao irmão, meu bebê. Perdoem todas as nossas falhas e, por mais que possa ser doloroso para nós dois, corrija-as (mas com muito amor, que é para não nos doer tanto).

A vocês, eu mando “a minha melhor vibração de axé”.

p.s.: A todos os pais, desejo muito amor. Que esse dia do ano que lhes é oferecido como homenagem, seja digno. Cuidem muito bem dessas pedras raras que vocês geram e lapidam, que é para vivermos num mundo melhor. E nunca se esqueçam: a maior e melhor herança que vocês podem deixar para seus filhos, não se encontram na matéria, se encontram é no sentimento bonito que é cultivado no coração deles. Pois, tempestades externas irão ocorrer, mas a solução está é na bonança interna que é carregada no peito.



Juiz de Fora, 09 de agosto de 2009.

Rayssa Nogueira

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Relato de uma conversa sem resposta.

Wesley, meu querido, certa vez estávamos conversando, e eu te indaguei o motivo pelo qual nós não fazemos mais tolas poesias infantis. Perguntei-te o que estava travando minha garganta, me impedindo de gesticular as palavras como em tempos atrás.

Tu me disseste que a vida havia ficado pouco poética.

Ahh, meu caro...estas tuas palavras me golpearam fundo...senti uma dor indescritível e calei-me.

Meu querido, o choque da tua resposta me deixou pensativa, e agora tuas palavras não saem da minha mente, e é inevitável negar que as lembranças possuem mais poesia que as esperanças, assim como as antigas colunas da Grécia, são muito mais belas que as etapas de uma moderna construção, e a vida possui muito mais musicalidade que uma filarmônica; mas não podemos viver do passado..é impossível sermos o passado.

Como você mesmo diz: VAMOS CONSTRUIR J

Vamos lá, meu querido... ♪♪’’Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima'' ♪♪

Vamos inovar, modificar... Vamos inventar um presente poético.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Paii

O dia dos pais esta chegando e eu resolvi escrever pro meu Pai.Ele sempre foi pra mim um exemplo de ser humano,aquele pai trabalhador...que trabalha e trabalha, com o único propósito de oferecer uma vida digna,feliz aos seus filhos.Um pai melhor do que o meu pra mim não exista.Mas nem tudo em nossas vidas são mil maravilhas,ele me decepcionou como acho que também o decepcionei.Pensava que ele respeitava a nossa família e principalmente que ele amava e respeitava a minha mãe ... Até que um dia as coisas em casa mudaram,ele já não era mais presente,não era aquele pai atencioso,carinho e eu fui criando certa antipatia a ele,e isso meus amigos é ruim,muito ruim.Cada dia que passava eu encontrava minha mãe se destruindo,entrando em um labirinto sem saída e ela não merecia isso.Foi daí que pensei porque ele ta fazendo isso?Será que minha mãe merece isso?Será que eu mereço isso?Eu sofria por mim,pela minha mãe e pela minha irmã...era uma dor tripla e confesso que era uma dor e tristeza sem fim.As coisas em casa foram piorando e eu já não era uma filha presente,carinhosa (com ele) ele deixou uma ferida enorme sangrando,aberta e pra mim ela não tinha cura.Pra tentar esquecer meus problemas meti a cara na bebida,festas,amigos,namorado,mas a dor não ia embora...ela colou em mim,grudou,andou comigo por muito e muito tempo.

Confesso que sinto inveja de pais e filhos que tem uma relação de amizade,cumplicidade,queria ter um pai-amigo,uma mãe-amiga mas infelizmente não tenho...mas juro que tento e vou continuar nessa luta pra conseguir ser uma filha melhor uma pessoa melhor.O problema é essa ferida que não cura nunca...de vez enquanto ela ainda sangra e dói.


Hoje eu sei que sou fria com você pai,que não tenho nenhum tipo de carinho,amor,juro que tento me aproximar quebrar essa parede que se formou,essa maldita parede que me separa de você,a culpa não é minha e sim dessa ferida antiga pela qual provocou muita dor,e pra sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer,embora lateje loucas nos dias de chuva.


Pai desculpas pelas palavras ditas,pelas atitudes,mas tudo que fiz foi em conseqüência dessa decepção que sofri mas hoje eu sei que ninguém é perfeito todo mundo era então porque você não erraria?Juro que tento quebrar esse gelo mas não consigo e não sei o que fazer juro como não sei,o que eu sei que apesar de toda dor,sofrimento eu te amo apesar de tudo ... É um amor único,verdadeiro que vou levar pro resto da minha vida.


"Pai!
Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo prá gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez...
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...
Nem você nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai! Paz!..."
Aos Que Se Foram
Seria tão bom, ah! Como seria ótimo se só os desconhecidos morressem, porque eu não aceito perder nenhum de vocês, eu não acho justo comigo que vocês partam sei lá pra onde, e só deixem fotos, vídeos e recordações na minha memória. Como é difícil conviver com a idéia de que as pessoas que eu amo morrem ou morrerão um dia. Às vezes tenho quase certeza que ninguém morre, às vezes acho que vocês se escondem de mim, não é isso? Então eu peço encarecidamente a todos que por algum motivo se esconderam: Por favor! Apareçam que o meu espírito chora com saudades de vocês.
Às vezes penso no meu coração como uma casa, mas não uma casa qualquer, e sim, uma casa bem grande, cheia de quartos coloridos cercado de flores, com TV de tela plana embutida na parede, camas macias e quentes, água pura com encanamento vindo direto da fonte da juventude, passando pela estação de tratamento da fonte dos desejos, tudo para o conforto e bem-estar daqueles que habitam cada quarto dessa casa. Mas tenho andado meio triste com alguns moradores que simplesmente estão fugindo sem deixar vestígios, será preciso instalar câmera para monitorar vocês? Gente eu acho um absurdo saírem assim da minha vida sem me dizer nada. Se vocês pudessem ver quantas rachaduras se formam nas paredes desses quartos vazios, duvido que sumissem assim. Sinceramente, eu acho foda ter que rebocar meu coração todos os dias pra esconder as marcas...
Eu sei que não devia falar assim, sei que muitos dos que se foram talvez nem quisessem partir. Mas aos que ainda estão por aqui, eu peço: Cuide bem da sua vida, às vezes somos levados pelo instinto e nos perdemos no meu meio do caminho ou achamos o caminho e não nos deixamos levar pelo instinto. Viver é complicado e muito complexo, na pior das hipóteses faça o que o seu coração mandar. Não deixe que cinco minutos acabem com uma vida inteira, cuidado com as drogas, com a AIDS e o Câncer e saiba separar aventura de irresponsabilidade, o que eu não quero é chorar toda vez que entro nesses quartos vazios.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Para Clara,

.


terça-feira, 4 de agosto de 2009

Uma conversa complicada...

Tarde da noite, 2h da manhã, reviro na cama sem, contudo, conseguir dormir. Olho mais uma vez o relógio, o tempo não pára já dizia Cazuza, dia atípico em Natal, sinto frio e o vento canta lá fora. De repente, invade meu quarto e derruba, sorrateiro, a foto que estava na escrivaninha. O passado volta à tona. A mentira tem perna curta. E me lembro, nesse momento, de mil ditados que minha avó fala todos os dias - Será que está melhor? Preciso ligar para ela. Preciso ligar para tanta gente. – Pensei em você, gata, pensei em como seria bom que estivesse aqui para me ouvir pela milésima vez sobre aquele assunto que eu não consigo esquecer e talvez nunca esqueça. Decido te escrever, então. Não escrevo por prazer não. Escrevo para não vomitar – eu odeio vomitar! – Você acha que viver nesse meu mundinho é bom? É bom para quem não ama tanto as pessoas como eu. Tá bom, eu sei que não demonstro. Me acho tão fria. Ontem Camila disse que eu sou “travada”, você também acha que eu sou assim? Sou fria mesmo. Por dentro manteiga. “Ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar”, quem escreveu mesmo essa música? Sou fria então, para não ficar toda hora vomitando a manteiga que sou. Uma pessoa normal pensa tudo isso antes de dormir? Levanto, vou ao banheiro, lavo o rosto mais uma vez. Ao olhar sem querer para o espelho, desvio. Tenho vergonha do que fui. Coragem! Olho novamente e fitando meus próprios olhos orgulho-me de como levantei, orgulho-me de você também. Orgulho-me de nós duas, de mãos dadas dessa vez. Bem que você tentou me avisar naquela época “Vai pelo caminho da esquerda, Carol, que no da direita tem lobo mau e solidão medonha.” E para quebrar minha cara, não é que tinha mesmo? Que estranha dor, essa no peito. Será que isso é culpa? MEA CULPA. MEA MAXIMA CULPA. Mas já foi feito. Pior que homem trair mulher é mulher trair mulher? É. Pesa mais. Ser uma vaca sempre pesou mais que ser um galinha. Como voltar no tempo, você sabe? Não... não é possível, o que foi feito está lá e ponto. Só é uma pena que as vacas sejam mais desprezadas que os galinhas, todos erram da mesma forma! Respiro fundo. Ainda dói. Mas um pouco menos. Quero dizer que com você de novo ao meu lado – meu Deus, como esperei por isso! – me ajuda a esquecer essa parte do passado. E ganho mais forças para o breve reencontro diário no espelho. Às vezes, tentamos sorrir da ironia do destino. Rir ou chorar não faz diferença, não agora. Nós não temos mais medo de nada que somos capazes de sentir. Dessa vez, gata, vamos partir de cabeças erguidas rumo à uma vida desconhecida. Sabe, longe de tulipas geladas e do gosto amargo do cigarro, conheci uma paz estranha, atingi um equilíbrio que há muito não conhecia. Só preciso de você ao meu lado, para me dizer que rumo tomar. Quero encontrar no espelho o que há de mais doce e mais bonito para oferecer a você. Não sou má. Errei. Erramos. Tenho certeza que não vai demorar para recuperarmos o fôlego e a alegria que tanto estampou nossa cumplicidade. Gata, tenho que confessar que não tenho mais medo da solidão e isso me fez ficar fatigada de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis. O meu desejo é nobre e minha vida não será em vão. Mudei muito, e não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado. Mudamos. Hoje gosto de me alimentar com a vontade do impossível , de que limão tenha gosto de chocolate. Freqüentemente me frustro, mas não choro. Eu sei que o telefone não vai tocar e que os finais de semana estão mais longos, eu poderia chorar ou beber, como costumava fazer, mas aprendi que para crescer é preciso sofrer. Não tenha pena de mim, por favor, ainda tenho esperanças, sabia? Ela é como as fadas. Não morre nunca! Desculpe pelo desabafo, mais uma vez. Tenha certeza que a próxima cartinha será mais feliz. Pegue as estradas certas, às vezes a errada. Esqueça os dias, não se prenda nas horas e saiba que te amo!.
Não esqueça, estou esperando por novidades!
Carol.

p.s. ...que seja doce.

Para a minha consciência!


Durante boa parte da vida eu ri de você, querida Consciência. Mesmo nas noites que tomavas meu pensamento e me roubavas o sono. Sempre me falavam da sua importância e do quão eras necessária para tornar esse mundo mais justo e integro, mas eu ria muito de você! Ria até perder minhas forças e depois dormia leve, despreocupada. Sabe... eu quebrei aquele vaso há um tempo atrás e deixei um inocente ser culpado por isso, e eu menti algumas outras vezes, algumas por necessidade, outras por comodidade... Sei que não foram coisas gravas, mas poderiam ter sido e eu nem teria feito nada pra mudar. Mas é que nessa época tu nem me afetavas, eras sinônimo de gargalhadas, de alegria, certeza da ingenuidade alheia, certeza de que a corda sempre arrebentava do lado mais fraco. E agora eu peço desculpas pelos meus desaforos, Consciência.

Hoje que estou mais crescida vejo a sua importância. É que eu aprendi com o amor e com a dor que não há nada melhor do que tê-la limpa. E tem mais, aquela historia do travesseiro é bem verdade, tão bom deitar e dormir em paz, voltar o seu dia, passo a passo e perceber que ele foi conduzido de uma forma correta e que se fez o melhor para si e para outrem.

Há um bom tempo eu não consigo mais rir de você, eu confesso. Sinto um aperto no coração quando recebo alguma reclamação sua, vendo que quebrei algum dos meus ideais, que não agi como deveria. As coisas mudaram e não são mais bobas como outrora e que agora qualquer erro conta muito, conta uma noite sem dormir, uma vida modificada, uma promessa quebrada...

Ninguém aqui é santo, você sabe bem. Todos cometemos erros, equívocos, mas quando tentamos nos redimir, já é um grande passo. E tu, ensinas isso bem. A assumir as conseqüências dos nossos atos e seguir...

Mas o que eu queria mesmo era te pedir pra não voltar a ser aquilo que era antes pra mim, não quero mais rir de você. E pedir também para que não me deixes sozinha, é que eu preciso mesmo desses conselhos, que ditam meus caminhos e me esquivam daquilo que não é justo, que não é digno. Para que eu possa seguir, para que eu possa dormir em paz comigo, ainda que em guerra com o resto do mundo...
P.S.: 'Perdoem o silêncio, o sono, a rispidez, a solidão. Está ficando tarde, e eu tenho medo de ter desaprendido o jeito. É muito difícil ficar adulto'.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A Isis Banzatto,

aquela que não queria mais sentir.

Neves Paulista, 03 de Agosto de 2009

Mas coração da gente é rubi, menina. Ele é teu bem mais precioso. Não deixe que as pessoas te convençam do contrário. Tenha fé. O sol já vem todo pimposo pra tirar aquele cheiro de roupa mofada. Bota os trapos de molho, até ficar tudo branquinho, sem mancha nem mágoa. É assim que se faz também com o encardido da alma. Vezenquando a gente tem é que tomar um banho de chuveiro por dentro. Porque sentimento ruim não é bom guardar. Depois você vai ver que vai crescer um jardim no teu peito. Com um montão de flores, cores e borboletas. Vai sentir até gosto de sonho na boca.
Uma vez, a vó me disse que ' sentir é dado a poucos'. Guardei. Foi daí que brotou aquele girassol lindo aqui dentro. Vivo que nem o sol. E que não morre nunca. Porque do lado de fora tem muita chuva bonita. Palavra de vó é santa. Ô se é. Guarda isso também.
Bonita, vai seguindo teu caminho que ele é bordado de estrelas. E deixa o coração ser teu guia. Coragem a gente precisa só no comecinho, depois o medo vai-se embora e tudo fica flutuável que nem tapete do Aladim. Só não se esqueça de recolher os cacos que sobraram, no caminho, pra fazer teu vitral. Cheio de tudo quanto é cor. E cheio de tudo quanto é lembrança. Das boas, porque as feias a gente tem é que jogar no lixo. Porque delas não nasce flor.
Te abraço com carinho

Cris Carvalho

PS: O amor quer chegar, eu deixo.

domingo, 2 de agosto de 2009

Ao Sr. Aníbal




Hoje bateu uma saudade daqueles anos em que eu ainda podia ir passar as férias da escola na sua casa. Sempre que eu chegava lá tinha um monte de guloseimas me esperando. E as histórias que o senhor me contava? Eram tantas e tão lindas que me faziam viajar junto com as suas palavras. O mês de agosto chegou, Nonô. Neste mês eu fico mais velha e o senhor também ficaria, se ainda estivesse aqui conosco. Já se passaram sete anos desde que o senhor se foi. E só agora eu tenho forças para lhe escrever, para lhe contar como vão as coisas por aqui.

Eu me formei no fim do ano passado, Vô. Foi uma luta e tanto pra conseguir isso. Tenho certeza de que o senhor ficará orgulhoso com a notícia. Tempos atrás eu andei bebendo demais, fumando demais, sofrendo demais. Mas agora eu estou bem, não se preocupe. Achei um moço lindo, Nonô, o senhor tinha que conhecê-lo. Ele tem me feito um bem danado, tá me dando forças pra continuar seguindo em frente, nessa vida tão cheia de dias difíceis. Eu sinto muito a sua falta e a da Vó, que partiu para se encontrar contigo há mais de cinco anos.

A casinha onde vocês moravam ainda existe. O tio tá morando lá por uns tempos até terminar a construção da casa dele. O pai ainda está na casa dos fundos. Acho que o pai deve construir lá ainda esse ano. Apareceu uma moça na vida dele (o senhor ia gostar dela), parece que vai sair casamento, de novo!(espero que dessa vez o pai sossegue). A minha irmã foi pra Espanha tem dois anos. Agora ela tá voltando, com marido e tudo(o casamento é em outubro)! A primeira neta do senhor a se casar. O pai e o tio estão doentes. Diabéticos. Os dois. Descobriram faz menos de um mês. Agora entraram em dieta, parece que vão largar o cigarro de vez e a cerveja também. Eu vi que eles ficaram com medo, Vô. Mas agora é só tratar direitinho que fica tudo bem. Depois dos quarenta tem que se cuidar mais, né?

A Vovó tá boa? Fala pra ela que eu tô com uma saudade danada do feijão que ela faz. E do pão caseiro também. Aqui, os netos estão todos bem - estudando e com saúde. A gente vai levando, né? Tem dias que eu vejo o pai triste, num canto. Tenho certeza que ele pensa muito em vocês. Todos nós pensamos. Eu peguei de recordação aquele rádio à pilha que ficava no cantinho da sua cama. Ele ainda funciona! Peguei aquele dá Vó que ficava na cozinha também. Tive medo de sumirem com eles. Agora eles ficam aqui comigo, tô conservando direitinho, que é pra durar a vida toda.

Tenho certeza de que vocês dois estão bem. Bem melhor do que aqui nesse mundo maluco. Agora vocês dois são uma espécie de anjos, tenho certeza. O Senhor Vô, com essa áurea mais branca que chega a reluzir. É, sem dúvida, a pessoa mais iluminada que eu já vi. Eu vou me despedindo por aqui, mas prometo lhe escrever mais vezes. Dá um abraço forte na Vó, essa baixinha que sempre teve a força de um leão. Diz pra ela que eu a amo. Eu te amo também, Nonô. Quero só fazer um pedido: Se for possível, olhe por nós que ainda estamos nessa Terra confusa. Dê uma forcinha para que os dias sejam mais azuis, que o sol brilhe intensamente e que os nossos corações possam se encher de paz.

Com saudade, sempre.

da sua neta,

Suhellen.

PS: Que seja doce o que vier...

sábado, 1 de agosto de 2009

Carta a ele: para sempre, meu irmão.

Peço-te, ventos, que soprem seus melhores ares para ele... Que arrastem para longe as folhas da tristeza. Deus, olhe por ele. Deixe-o saber como é grande a minha saudade...

Ó, irmão, como permitimos que tudo chegasse a esse ponto?
Cadê aquele menino brincalhão que costumava fazer parte dessa família?
Queria que você estivesse aqui de vez em quando. Essa cidade não é tão ruim assim. Foi aqui que crescemos. Aqui está o nosso passado. É aqui que ainda habita meu presente. Há pessoas que te amam tanto nesse lugarzinho que você tanto evita...

Eu me lembro quando éramos pequenos. Você, com seus cabelos tão loiros que quase pareciam brancos. Você foi uma criança linda, irmão.
Sabe, eu já não sou mais a sua “tampinha”. Reparaste como eu cresci?
É, o tempo passou. Ele sempre passa....

Ó, irmão, preciso te contar uma coisa! A sua irmã será uma mulher das leis! Quem diria, não é mesmo? Aquela pequerrucha chorona que você conheceu está enfrentando o futuro...
Irmão, se você quiser vir de vez em quando, venha. A porta estará aberta. Eu prometo ficar acordada esperando você chegar. Só não acho justo as coisas continuarem a se perder dessa maneira.

Poxa, irmão, para que tanto afastamento? Eu acho que você colocou tantas pessoas em seu coração e esqueceu de reservar o meu lugarzinho lá. No entanto, a vida não é feita de substituições. Só acréscimos. Não é preciso excluir pessoas de sua vida a fim de outras caberem. Quando se tem um coração grande, todos podem ocupá-lo.

Irmão, a mãe continua com aquela esperança inabalável em nós, sabia? Entenda-a. Não é possível que você tenha esquecido como ela sofreu para que chegássemos onde estamos.
Preciso confessar uma coisa: sinto tanta falta dos dias de música. Sinto falta daquela barulheira que deixava os vizinhos malucos. Sinto falta das nossas tardes de brincadeiras, dos jogos de tabuleiros, do vídeo-game, dos doces preparados na cozinha e das panelas que deixávamos queimar. Sinto falta de quando me ensinava a tocar guitarra. Sinto falta de tantas coisas. Queria tanto que você viesse. Quem sabe, poderíamos fazer tudo de novo! Quem sabe, você poderia pegar a bola de vôlei e me ensinar a jogar sem acertar as plantas da mamãe. Quem sabe, poderia me chamar daqueles apelidos que só você conseguia inventar. Quem sabe, poderíamos nos sentir crianças de novo. Quem sabe...
Ó, irmão, eu te amo tanto. Para mim, você sempre será a pessoa que eu tanto me orgulho. Se a vida te leva pra longe, meu coração te traz para perto.
Venha quando quiser.
Acho que tudo isso que escrevi tem um nome, irmão. Sabe qual? Saudade.
“Eu só quero que você siga para onde você quiser que eu não vou ficar muito atrás.”
Tô com sintomas de saudade. Tô pensando em você.

Abraço forte,

Lá, a sua eterna irmãzinha.